sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Quem vai ser o próximo a subir o último degrau do sucesso?





Este texto bem poderia ser um Top Five, mas não se trata bem de um ranking. É no máximo uma reflexão. Apesar do estouro evidente e dos hits absolutamente consagrados, muita gente utiliza como argumento contra a nova geração sertaneja o fato de que poucos artistas dessa nova safra conseguiram realmente chegar ao último degrau do sucesso. Qual seria esse degrau, afinal de contas?
Tomemos como exemplo os principais nomes da música sertaneja nos últimos, sei lá, 20 anos. Desde a era AMIGOS, pelo menos, poucos foram os artistas que conseguiram, além de estourar canções e cair no gosto da galera, uma outra coisa absurdamente difícil: ter a imagem definitivamente reconhecida. De 20 anos pra cá, sem exageros, podemos enumerar apenas Zezé di Camargo & Luciano, Leandro & Leonardo, Daniel, Bruno & Marrone e, mais recentemente, Victor & Leo, César Menotti & Fabiano e Luan Santana. Talvez em menor escala podemos incluir ainda Rionegro & Solimões.
O que se entende por “imagem reconhecida”? Ora, todos os artistas citados acima são facilmente identificados nas ruas por qualquer pessoa com um pouco de conhecimento da indústria cultural brasileira, até mesmo por pessoas que nem sempre conhecem as músicas que eles cantam, seja uma dona de casa, um frentista de posto de gasolina, um pedreiro, um comerciante, qualquer um. Talvez por conta da figura marcante que muitos deles ostentam, como no caso de Rionegro & Solimões (que muitos identificam como aquela dupla com o baixotinho) e César Menotti & Fabiano (que a maioria sempre identifica como “dupla dos gordinhos”), ou pelo excesso de aparições em grandes veículos da mídia no decorrer dos anos.
Muitos acreditam ser esse o último degrau do sucesso. Depois de estourar uma canção ou até um disco inteiro, depois de fazer de 250 a 300 megashows durante um ano, o objetivo da grande maioria dos artistas é este: sair às ruas e lidar com a gritaria dos fãs enlouquecidos correndo pra tirar uma foto ou pegar um autógrafo. Mas não se enganem: há sim um diferencial entre sentar numa mesa de bar para curtir um happy hour e ter que levantar da mesa para atender um ou dois fãs e não poder sequer pensar em curtir um happy hour num bar por conta do extremo assédio. O cara que atende dois fãs faz sim sucesso, mas sem dúvida o que não pode sequer sair de casa faz muito mais.

Há, claro, formas de alcançar este patamar. A primeira delas é trabalhar exaustivamente a imagem do artista nos principais veículos televisivos. É ir não na Record ou no SBT, mas no Faustão pelo menos uma vez por mês ou a cada dois meses e permanecer no ar por 30 minutos pelo menos todas as vezes em que for se apresentar. É participar do especial do Roberto Carlos, do Criança Esperança, do especial da Xuxa e outros da mesma proporção. É ter uma ou mais matérias sobre sua carreira veiculadas no Fantástico. É tocar ao vivo no Altas Horas. É estar bem cotado junto ao público do Rio de Janeiro, que querendo ou não é o público que determina o que passa ou não passa nos grandes programas de TV. É implantar boatos e/ou administrá-los positivamente de forma que se tornem um assunto corriqueiro na boca da galera.
Dentre os artistas citados acima, há em comum justamente o atendimento a todos ou quase todos os requisitos apontados no último parágrafo. O último a entrar no seleto rol dos artistas sertanejos cuja imagem superou a própria música foi o Luan Santana. A pergunta aqui é: quem, entre os artistas sertanejos com maior expressão na mídia atualmente, tem mais chances de alcançar este último degrauzinho da escadinha do sucesso?
Montando um panorama da atual conjectura da música sertaneja, cheguei a seis nomes com possíveis chances de alcançar esse objetivo. Alguns com mais chances que os outros, obviamente. Em comum, os seis têm o fato de ainda enfrentarem a indiferença de uma grande parcela da população, o que não significa que essa parcela do povo não escute suas canções. É que muita gente, ao escutar alguma canção dos artistas da imagem abaixo, ainda não consegue identificar quem está cantando ou, ao ver a imagem do artista na TV ou em alguma revista, não consegue associar à música que costuma ouvir todos os dias no rádio.


À frente na corrida está a dupla Jorge & Mateus, que atende à maioria dos requisitos enumerados alguns parágrafos acima. Têm a seu favor a figura (com aquele olho fundo e tal) e a voz marcante do Jorge, as tatuagens e a potencial figura de galã das adolescentes do Mateus, músicas extremamente comerciais e que fazem sucesso há 3 anos, ininterruptamente. Mas ainda não são figuras tarimbadas na TV (o que têm buscado modificar participando de diversos programas de grande expressão ultimamente) e, apesar de serem conhecidos de algumas celebridades por aí, não costumam ter seus nomes associados a boatos e outras coisas. Logo atrás, vêm João Bosco & Vinícius, que tiveram a música mais tocada no ano de 2009, o ultra hit “Chora, me liga”. Também têm um repertório mais próximo do gosto popular. Mas, assim como Jorge & Mateus, também não tiveram ainda sua imagem suficientemente trabalhada em programas de TV e não costumam ilustrar páginas de revistas de fofoca.
Fernando & Sorocaba quase não aparecem em grandes programas de TV (estiveram uma ou duas vezes em cada um, no máximo), mas ficam em terceiro na corrida por terem um repertório mais facilmente assimilável pelo grande público (o sucesso da música “Madri” em 2010 é uma prova disso). Maria Cecília & Rodolfo têm a seu favor o fato de serem uma dupla de “menino e menina”, o que por si só já é um enorme diferencial. O fato de serem namorados até que foi explorado, mas acabou não despertando tanta atenção da mídia quanto poderia.
Michel Teló tem, sem dúvida, sua imagem marcante (loirinho e tals) como principal trunfo. Outro ponto favoravel é o fato de ele se portar de forma mais descontraída que os outros da lista quando participa de programas de TV. É que os outros se preocupam muito em falar muito corretamente, de forma contida, sem exageros. O Michel, por sua vez, já procura ficar mais solto. A experiência que teve à frente do grupo Tradição nos mesmos programas de TV dos quais hoje participa como cantor solo também o credenciam para esta lista.
Paula Fernandes já vendeu mais de 100 mil cópias do seu último disco, é figura fácil nas trilhas sonoras das novelas da Globo e conta com a admiração de fãs de peso, como o maestro Marcus Viana e o rei Roberto Carlos. Sua participação no especial do rei rendeu inclusive boatos de que estariam mantendo um romance. Por mais que um artista queira manter a discrição quanto à vida pessoal, um boato desse tipo sem dúvida desperta a atenção do grande público. Mas ela ainda é desconhecida de grande parte da população. Só que isso parece estar mudando nos últimos tempos.
O que cada um deve fazer para buscar mais destaque e, consequentemente, ser mais facilmente reconhecido e, quem sabe um dia, ser mais conhecido pela imagem do que pela própria música que canta? Isso ninguém sabe. Afinal se a fórmula fosse desvendada todo mundo copiaria. Enquanto ela não é descoberta, deve-se buscar trabalhar a imagem de forma mais inteligente, sem muitas preocupações com postura e outras coisas. Deixa a boataria correr solta. E descontração é sempre uma coisa boa. Vide Luan Santana. “Ah, Marcão, mas o Victor Chaves vive naquela formalidade toda e mesmo assim é reconhecido”. Ora, ele fez dessa formalidade o seu próprio diferencial. Qualquer tentativa de parecer formal vai soar como imitação barata do estilo dele. O que resta é desejar sorte aos postulantes a esse patamar do sucesso. A música eles já sabem trabalhar. Basta ver o sucesso que fazem. Resta saber quem vai conseguir construir uma imagem mais marcante que as próprias canções e se manter no topo depois de conquistar esse feito.

Fonte: Blognejo

Escrito por: Marcus Vinícius


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